terça-feira, 18 de outubro de 2011

POR QUE A FÓRMULA DO REMAKE ECOOU NEGATIVAMENTE?

O remake de "A Hora do Espanto" custou 30 milhões de dólares, e arrecadou mundialmente até este mês de outubro o total de quase 37 milhões. Traduzindo: a nova versão fracassou nos cinemas.
Quero colocar nesta seção a minha opinião como fã sobre o porquê deste remake não obter o sucesso esperado.

PRIMEIRO, AS PERSONAGENS.

O ADOLESCENTE CHARLEY BREWSTER
                                           (William Ragsdale)             (Anton Yelchin)

O ator americano William Ragsdale tinha muito mais carisma e convencia como a figura ideal de herói, ao contrário do seu sucessor Anton Yelchin, ator nascido na Rússia, que no filme parece apático.


A NAMORADA AMY PETERSON
                                           (Amanda Bearse)               (Imogen Poots)

Amy foi atualizada para os dias de hoje como uma jovem mais segura de si, mais bonita, mais sexualizada, porém sem nenhuma chance de romance com o vampiro-das-cavernas, e o maior de todos os pecados: nenhuma cena de impacto, que foi um dos pontos altos do filme de '85, quando Amy abre aquela bocarra, para o espanto de todos na plateia. A nova Amy é "agraciada" apenas com umas cenas insossas, sem inspiração alguma, e com efeito de computação gráfica que já parece datado!


O VAMPIRO JERRY DANDRIDGE
                                           (Chris Sarandon)                (Colin Farrell)

Chris Sarandon, ex-marido da atriz Susan Sarandon, realmente convencia como o vampiro sedutor Jerry Dandridge, que morava ao lado da casa de Charley, e paquerava a garota do herói. Já Colin Farrell faz no remake um vampiro mais visceral, e muito pouco atraente - tanto quanto personagem sedutor, tanto quanto monstro. Não vira morcego, névoa, nem morre de maneira grandiloquente como o Jerry original. Desde quando soube da escolha de Colin para o papel, eu pensei: "Ele não tem a mesma presença de Chris Sarandon, e muito menos o porte físico (1.85m contra 1.78m)."


JUDY BREWSTER  X  JANE BREWSTER
                                           (Dorothy Fielding)               (Toni Collette)

No remake, a nova Sra. Brewster tem um papel maior em cena, entretanto não faz muita diferença para a trama. Talvez o diretor quis Toni Collette por já ter trabalhado com ele, e para ter mais um nome expressivo no elenco. Ela é talentosa, sem dúvida, mas não acho que foi bem aproveitada.


PETER VINCENT, O GRANDE MATADOR DE VAMPIROS
                                           (Roddy McDowall)             (David Tennant)

Astro decadente de filmes de terror que apresentava filmes clássicos do gênero na TV local, e que mais tarde teria que enfrentar um vampiro real: O veterano e ex-ator mirim McDowall (1928 - 1998) fazia um personagem, ao mesmo tempo emblemático, e divertido. Perdeu-se muito quando modernizaram demais o personagem, agora na interpretação de David Tennant (o Dr. Who do seriado gringo). Ele faz um personagem mais afetado, e sem a simpatia do original. A única coisa que se manteve foi o nome do grande matador de vampiros, que é uma junção do nome de Peter Cushing e Vincent Price - homenagem do diretor Tom Holland aos dois atores de filmes clássicos de horror da produtora inglesa Hammer.

"Para trás... remake sem alma!"

PRIMEIRO FILME A INOVAR A HISTÓRIA E MODERNIZAR O VAMPIRO, SEM DESCARACTERIZÁ-LO OU DESRESPEITAR A MITOLOGIA.

O filme original de 1985 tem importância especial para o Brasil, pois foi o primeiro do gênero a estourar e fazer grande sucesso por aqui. Até então o gênero terror não era cultuado entre os brasileiros.
A Hora do Espanto deu início a um ciclo apelidado pela mídia de Espantomania. Vários filmes de horror foram lançados aos montes, tanto nas salas de cinema, quanto em home vídeo, que também começou a ter sua plateia cativa. Vários desses filmes levaram títulos começando com "A Hora..." ou com o final "...Espanto".

EFEITOS VISUAIS CRIATIVOS E UM ROTEIRO INTELIGENTE.

Ele também foi inovador, trazendo efeitos especiais excepcionais para a época (criações de Richard Edlund), e um roteiro muito inteligente criado pelo próprio Tom Holland - roteirista de Psicose II e que, três anos após rodar Fright Night, criaria o boneco Chucky no filme Brinquedo Assassino.

A nova versão tem cenas muito escuras, efeitos de computação gráfica que deixam muito a desejar, e sem falar na locação: do subúrbio de uma cidadezinha americana para deserto próximo a Las Vegas. Será que um vampiro teria como escolha um lugar com clima seco e quente, parecido com o da Amazônia (só que sem chuva), absolutamente intolerável para um criatura da noite?!

"Nada supera o charme fatal da produção original"

A falta de sensibilidade e familiaridade com esse gênero do terror custou ao diretor Craig Gillespie, sem dúvida. E pensar que tudo poderia ter sido diferente, se não fosse uma série de escolhas equivocadas desde o princípio.

GERAÇÃO ANOS 80 VS. GERAÇÃO "GAYPÚSCULO" (...E O LIMBO)

Outro problema que vejo, além dos já citados anteriormente, é o conflito que o filme causou entre as antigas e novas gerações. Quem pertence às gerações mais antigas, não gostou do filme por não estar à altura do original. Quem é desta maldita geração "Gaypúsculo", sofre de alienação, falta de parâmetros e bom senso, portanto jamais iria ver um filme em que vampiros não brilham no sol, não são apaixonados por maníacas-depressivas sem expressão e nem talento (isso parece ser pré-requisito hoje em dia), e que ainda por cima tem uma paixão enrustida por poodles metidos a lobinhos sem pelos.  A única geração que pode ter gostado de verdade do remake é aquela que  já está cansada de filmes-emo. Afinal esses jovens 'anti-gaypúsculo' estão acostumados a filmes de baixo padrão, fazendo com que uma produção como o remake de "A Hora do Espanto" seja algo bom no meio de tanta mer...lin.
É um círculo vicioso este em que estamos: os filmes, livros, etc, são nivelados por baixo cada vez mais, e de geração em geração, aparecem jovens mais e mais "sem noção" como costumo chamá-los (para não dizer 'imbecis').

2 comentários:

  1. Pois, é! Vc falou certo, provavelmente os únicos que poderiam curtir esse remake são aqueles que já estão enjoados de Crepúsculo! A Hora do Espanto de 2011, realmente...dentre tanta bosta, é a bosta melhorzinha! Antes um vampiro Jerry truculendo que um Edward - Rainha da Floresta!

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  2. Uaaall! Você realmente partilha das mesmas opiniões que eu! Lembro-me de ter assistido ao Fright Night quando tinha 12 anos e não dormir por uma semana... E quando dormia, sonhava com o tal Dandridge, o Sanrandon, claro, não sei se por medo, ou por estar seduzida...hahaha...
    Sinceramente, este remake só prova que em alguns casos de obras primas como A Hora Do Espanto, a tecnologia e computadorização gráfica não trazem boas transformações, ao que considero o melhor filme de vampiros de todos os tempos!!!
    Parabéns pelo alto conhecimento na sétima arte!

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